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Mensagem: Jesus e os judeus Manoel Hygino - Hoje em Dia Agora que o Natal passou, transformado em pretérito, meditamos novamente com a pergunta pessoal e íntima do velho Machado: Mudou o Natal ou mudamos nós? Em verdade vos digo: os dois mudamos. Seguiremos transformando-nos ininterruptamente, o tempo idem, os costumes, o jeito de ser e fazer. Por sinal, saiu em 2015 a terceira reimpressão de “Jesus, segundo o judaísmo”, em que Beatrice Bruteau faz rabinos e estudiosos dialogarem sobre a nova perspectiva a respeito “de um antigo Irmão”. De fato, mais de dois mil anos após a execução no Gólgota, continuamos ignorando o menino que nasceu no Oriente, como sempre conturbado, como se pode aferir pelos textos que formam este volume. A organizadora depõe: “Faz já algum tempo que tenho a impressão de que o cristianismo, na qualidade de religião que fala de Jesus, é em muitos aspectos sobremodo distinta da religião que Jesus praticou pessoalmente e cuja prática estimulou”. Diz ainda, com muita propriedade: “Se pudermos reconhecer que ‘esse homem, distorcido pelo mito cristão tanto quanto pelo judaico, não era na verdade nem o Cristo da Igreja, nem o apóstata e fantasma assustador da tradição popular judaica, já teremos dado os primeiros passos rumo ao resgate de uma dívida há muito contraída com ele”. No artigo “Yeshua, o hasid”, Daniel Matt, autor de livros importantes sobre temas correlatos e professor de espiritualidade judaica da Graduate Theologial Union de Berkeley, Califórnia, tenta explicar a condenação de Jesus, preso, julgado e entregue à morte porque politicamente ameaçou tanto as autoridades romanas como a aristocracia judaica”. Ele decide ir a Jerusalém exatamente na Páscoa, a mais popular das três festas judaicas de peregrinação, quando se comemora a libertação da escravidão egípcia. A significação política era imensa. Peregrinos sentiam o enorme peso do domínio de Roma, do imperador Tibério e de seu representante local, Pilatos. Admitia-se a proximidade de agitações e, normalmente, o governador ia de Cesarea a Jerusalém, com tropas extras. Na capital, Jesus atacou os cambistas nos átrios do templo e derrubou assentos e mesas. Desafiava publicamente a autoridade política e religiosa. Matt comenta, ipsis verbis: “Suas ações ameaçadoras e o anúncio de um reino iminente solaparam o estatus quo de Roma”. Herodes já tinha problemas semelhantes com João Batista, um homem bom, que exortava os judeus a ter vidas justas. O governador/comandante ficou alarmado. Vislumbrava que aquela eloquência tinha tão grande efeito sobre as pessoas que poderia levar à sedição. Eram urgentes medidas para livrar-se de Jesus. Diz São João, em seu Evangelho, que os sacerdotes temiam a popularidade de Jesus, capaz de conduzir a ações mais drásticas de Roma. O evangelista escreve: “Se o deixarmos assim, todos crescerão nele e os romanos virão, destruindo nosso lugar santo e a nação”. Caifás, sumo sacerdote, dirigiu-se aos demais companheiros. Precisava-se sacrificar Jesus para benefício do povo: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?”.
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